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Juliana Diniz lança livro sobre encarceramento feminino

No dia 1º de agosto, a Livraria da Travessa em Ipanema, na Zona Sul do Rio,  será palco do lançamento do livro “Abrindo as Grades: O Impacto do Encarceramento Feminino nas Relações Familiares”, escrito por Juliana Diniz. A obra aborda os desafios e consequências que o encarceramento feminino traz para as famílias brasileiras.

Juliana Diniz destaca que “o encarceramento feminino impacta profundamente as famílias, especialmente as monoparentais femininas. Com a prisão das mulheres, que geralmente são as principais provedoras financeiras, a dificuldade econômica se agrava consideravelmente.” Ela explica que “esse problema é exacerbado pelo fato de que 74% das mulheres encarceradas são mães. As avós e tias frequentemente assumem a responsabilidade pelo cuidado das crianças.”

A separação dos filhos é um dos maiores sofrimentos para as mulheres e também para seus filhos. “As crianças enfrentam o estigma social de terem uma mãe presa, o que desafia o estereótipo tradicional da maternidade. Esse estigma afeta não só as mães, mas também os filhos, que carregam a marca do preconceito.” A autora compartilha um exemplo marcante: “Uma mulher presa por tráfico de drogas relatou que seu filho também entrou no tráfico e foi morto enquanto ela ainda estava na prisão.”

“O encarceramento feminino abala todo o sistema familiar”, diz Juliana. “Normalmente, a mulher é chefe de família e mãe. Sua ausência gera a necessidade de reorganização da família. Apenas 20% dos pais cuidam de seus filhos e filhas; em geral, são as avós e tias que assumem esse papel.” Além disso, a autora menciona que “essas responsáveis recebem apoio de uma rede composta por familiares e vizinhos. Em alguns casos, os filhos são distribuídos entre os familiares da detenta, o que pode resultar na separação de irmãos.”

Juliana menciona que os parentes “puxam cadeia” junto com o ente querido encarcerado. “Eles enfrentam situações difíceis para dar suporte ao familiar, como adequar-se ao dia de visita, deslocar-se até presídios distantes e arcar com os custos significativos das visitas e dos produtos de higiene e alimentação que o Estado não fornece. Além disso, o estereótipo da mulher presa recai sobre toda a família, especialmente sobre seus filhos e filhas.”

Para enfrentar a ausência da mãe encarcerada, a autora acredita que “é essencial oferecer escola em tempo integral para as crianças, disponibilizando alimentação adequada. Após a soltura da mulher, programas de reinserção no mercado de trabalho, educação, capacitação profissional e apoio psicológico individual e familiar são urgentes.”

Juliana ressalta que a maternidade no cárcere é especialmente difícil: “Apenas 35% das mulheres grávidas recebem acompanhamento pré-natal e 36% relataram ter sido algemadas durante o parto. As mulheres encarceradas em situação de gravidez compõem um grupo ainda mais vulnerável.”

Ela enfatiza que “existe uma clara postura social e política de caráter punitivista, que fortalece a valorização do encarceramento em massa e a anuência das más condições da prisão. As famílias têm que lutar contra os efeitos do estereótipo de gênero e manter uma postura de acolhimento para essas mulheres.” A autora conclui dizendo que “é essencial que a sociedade ofereça apoio e programas de reinserção adequados para reduzir as discrepâncias sociais e ajudar essas mulheres a reconstruírem suas vidas.”

Conheça de perto essa obra que traz à tona uma realidade muitas vezes invisível, mas de extrema importância para a sociedade.

SERVIÇO:

Lançamento de “Abrindo as Grades”

Livraria da Travessa em Ipanema

Data/Horario: Quinta-feira, dia 1º de agosto, às 19h

Endereço: Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema, Rio de Janeiro – RJ